Vou começar a escrever um diário em papel e em formato blog. Preciso conhecer-me melhor e aprender a traduzir o que sinto. Esta postagem refere-se ao dia 04-Fevereiro-2007
início: 21h50
sinto que, apesar do meu domínio da língua, é-me extremamente difícil trabalhar o que sinto. Não sei (hoje) o que me fez angustiar mas a sensação -novamente - de vazio voltou. Expliquei que me sentia em estilhaços por dentro. Imaginem-se a abrir uma caixa onde algo partido se encontra. Temos de olhar atentamente para perceber que objecto lá estaria antes... ainda inteiro. Se é que alguma vez lá esteve um objecto. Dentro de mim está tudo assim. Não sei quem sou. Não faço ideia. Por isso estou tão ansiosa por um rótulo mesmo que o seu peso seja assustador. Ao menos tenho algo que me guie e organize. Sinto-me perdida.
Luto e tenho lutado sempre para atingir objectivos que me realizem e que ambicionei mas quando os atinjo, o vazio volta à tona. Ocupei-me do processo e quando este está concluido a tristeza abate-se novamente. Não há sitio para mim. Não me consigo encaixar. Não devia precisar de números num relatório para me perceber. Mas é tão difícil fazer-me explicar.
O nome é Borderline - fronteira... LIMITE
equilíbrio ténue, frágil
às vezes o aperto no peito é tão forte que queremos gritar sem saber bem porquê. Parece sempre um grito mudo que não espelha nada pois nada existe para ser expresso.
Quando estou assim, tudo e todos me irritam! Não admito ordens ou sinais de controlo. São elevados à 10.ª potência. Uma simples ordem faz-me lembrar todas as ordens. Uma simples censura faz-me lembrar todas as censuras.
Não é fugindo que resolvo porque a mudança tem de ser feita em mim. Posso mudar de pais, de planeta mas terei de viver com este vazio a não ser que o trabalhe. Há uma questão Budista que diz (não cito pois não quero ser infiel à origem) se ninguém te prende, porque te queres libertar? Muitas vezes queremos fugir de nós mesmos. Mas esse trabalho é mais dificil do que sair.
Vou dormir e descomprimir. Amanhã é outro dia. Na fronteira. Na corda bamba
Sempre
Compete-me criar uma rede que me segure. Sou eu quem a irá costurar, com tempo. No entanto, o ténue equilibrio existirá sempre. Tenho é de me perceber para transformar o que me parece agora uma corda, numa larga avenida de suporte.
Estilhaço do Eu
em partes. Bocado.
Pedaço que ardeu!
Sonho fragmentado...
caixa de cartão,
vazia. Ausência!
Dor e solidão.
Tudo - impermanência.
fim: 23h10
quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007
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